quarta-feira, 30 de maio de 2012

15 dias na Itália - 3,5 dias em 5 Terre


Roteiro realizado em Ago-Set/2011

Cinque Terre é uma região do litoral da Liguria (Mar Mediterrâneo), que compreende cinco vilarejos encrustados nas montanhas à beira-mar. A melhor maneira de chegar até lá é utilizando o transporte ferroviário, mas as "comunas" também podem ser acessadas por rodovia ou pelo mar (exceto Corniglia) e por trilhas que as interligam. Os vilarejos são Riomaggiore, Manarola, Corniglia, Vernazza e Monterosso al Mare, nesta ordem, à partir de La Spezia em direção a Genova, que está ao norte, aproximadamente à mesma distância. Por Pisa ($11), a viagem dura cerca de uma hora, incluindo uma rápida baldeação na estação  La Spezia CentaleA região é patrimônio da UNESCO e faz parte da área de preservação do Parco Nazionale delle Cinque Terre.

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Cinque Terre vista do alto.

Em nossas pesquisas, encontramos diversas recomendações para hospedagem em
La Spezia ou outras "comunas" fora do parque, pois teriam preço mais atraente. No entanto, ao realizarmos as buscas e devidas comparações, optamos por ficar em Riomaggiore, pois os preços estavam compatíveis com outros fora dali e poderíamos aproveitar as noites pitorescas do lugar, afinal eram apenas três dias! Claro que seguimos uma dica essencial que foi evitar o fim de semana (essa também vale para Veneza), já que a região é litorânea e era em pleno verão!
Ah! Chegamos... A primeira providência foi passar no guichê do parque, na própria estação, e comprar o Cinque Terre Card que dá direito a usar as trilhas e os meios de transporte, além de descontos em museus e outros benefícios. ATENÇÃO: O vencimento do cartão é até a meia-noite do último dia de validade (ver fim deste post)!

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Via dell'Amore - de Riomaggiore a Manarola

Riomaggiore
 - Como já era fim de tarde, subimos sem demora para o nosso abrigo ($60), que era um predinho de apartamentos administrado por um casal de idosos, muito simpático e falante (em italiano... rs!). O Manoéo bateu altos papos com a Sra. Lucia, nossa anfitriã. O apartamento era confortável, espaçoso, arejado, sem café da manhã, mas com serviço de 'camareira'. Logo de cara já tivemos uma idéia do que seria nossa jornada por 5 Terre: muito sobe e desce! Tomamos um banho e saímos para o nosso primeiro passeio ao entardecer. Seguimos pela Via dell'Amore (1km), único trecho plano e pavimentado dentre as trilhas do parque, que liga este vilarejo a Mararola, onde fomos jantar.

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Em Manarola a caminho do restaurante.

Manarola
- A vista para quem chega por este lado não é a mais encantadora, mas neste momento queríamos mesmo era chegar na Trattoria dal Billy ($$$) para aproveitar o jantar ao por do sol! Atenção: o restaurante é famoso e pequeno, deve ter no máximo umas 20 mesas, portanto faça RESERVA! Nós demos uma sorte tremenda porque fomos os primeiros clientes da noite, sem reserva, e conseguimos uma mesinha no minúsculo corredor de acesso ao salão superior, com a condição de que quando a dona da reserva chegasse, trocássemos de mesa... Gentileza que obviamente aceitamos sem piscar.

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Pôr do sol na Trattoria dal Billy.

Para começar, pedimos logo um vinho (da casa) e l'antipasto misto di mare que é um resumo da cozinha do restaurante, composto de 12 entradas quentes e frias. Sen-sa-cio-nal! Fomos atendidos pelo próprio Billy, a princípio sem saber, e quando ele descobriu que éramos brasileiros (ele ama o Brasil!) ficava batendo papo conosco sempre que dava. Uma figura tão simpática que até a Va falou italiano! Rs...

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Trattoria dal Billy - parte da entrada.

Para o prato principal a Va pediu pasta verde com mexilhões que estava deliciosa e o Manoéo pediu um peixe na grelha, sugerido pelo Billy, que estava bom, mas nada excepcional. E afinal chegou a dona da reserva e nos encaminharam para uma mesa no salão superior, onde tomamos mais uma garrafa de vinho, batemos mais papo e a Va pediu a sobremesa preferida do Billy, a Torta Caprese que é um bolo de chocolate com amêndoas. Não temos idéia da hora que saímos de lá, mas fomos uns dos últimos clientes a deixar a casa. Foi uma experiência in-crí-vel! Recomendamos com louvor.

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Pasta verde com mexilhões.

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Peixe local na grelha.

No dia seguinte fomos novamente a Manarola e de lá continuamos a trilha rumo a Corniglia. Infelizmente, este trecho está fechado há muito tempo devido a suas más condições. De qualquer maneira, nos deu a oportunidade de apreciar a belíssima vista da segunda vila. De lá pegamos o trem para a última cidade Monterosso al Mare.

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Manarola vista de quem vem de Corniglia.

Monterosso al Mare
 - É a maior das cinco vilas, a única com praia, maior infra turística (hotéis, restaurantes, etc) e alguma vida noturna. Chegando lá, conseguimos uma mesa no único bar que há na areia da praia e ficamos por ali tomando cerveja, comendo acciughe salate (anchovas) e relaxando. A praia tem cabines que podem ser locadas, mas se você quiser apenas trocar de roupa ou tomar uma ducha, use o banheiro público ($1-2).

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Praia em Monterosso al Mare.

Acciughe salate e cerveja!

Depois do almoço, fomos rumo a Vernazza. A trilha que liga todas as vilas - Sentiero Azzurro - tem 10km de extensão, sendo que este trecho é de 3km e você vai subir por volta de 200m em metade dessa distância ou menos. O início da trilha é bem íngreme e tem muitos degraus, mas você até esquece do esforço quando vê o visual lá de cima. Se você não tiver um preparo físico mínimo, circule de trem!

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Escadaria na trilha (esq.), carrinho para cultivar os vinhedos e vista pela trilha (dir.).

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Monterosso vista pela trilha (Sentiero Azzurro).

Depois de um tempo o caminho fica menos íngreme, mas precisa de cuidado para não tropeçar, pisar em algum buraco ou pedra e machucar-se. Nesse dia tivemos que ficar um tempão parados no meio do caminho, esperando um helicóptero de resgate retirar uma pessoa que torceu o pé. Então, depois de tudo isso chegamos a Vernazza... E que vista! De tirar o fôlego!

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Vernazza vista pela chegada da trilha.

Vernazza
- É provavelmente a mais charmosa das terras. Ficamos um tempo por ali, sentados no pier ('praia' de cimento), descansando da caminhada e apreciando a vista. O Manoéo teve coragem de pular no mar, do lado de lá do pier... É... aquele onde estão as pedras ali na foto!

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Banho de mar em Vernazza.

Pegamos o trem de volta a
Riomaggiore, sonhando com um banho e uma soneca. Mais tarde voltamos a Monterosso al Mare para jantar no Ristorante Miky, que estava fechado então seguimos para o centro para jantar no La Lampara ($$$). Sem reserva, impossível sentar do lado de fora, portanto ficamos lá dentro. Acabou sendo interessante porque ficamos de frente para a área onde o chef (Luigi Corciulo) preparava os pratos a vista dos clientes. 

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Jantar no La Lampara: spiedo misto (esq.) e gnocchi al pesto (dir.)

Pedimos 
antipasto "lampara" um sortido de entradas locais e o vinho regional Cinque Terre (branco). Depois a Va pediu um gnocchi al pesto que foi o melhor nhoque que já comemos na vida e o pesto, nem se fala! Fan-tás-ti-co!! O Manoéo pediu spiedo misto, um misto de frutos do mar (lagostins e baby polvos)  grelhados que também estava sensacional. Voltamos no último trem para Riomaggiore. Aliás, fique ligado nos horários dos trens para voltar para sua base! Os trens são SIM pontuais na Itália.
Nosso último dia foi dedicado ao Santuario della Madonna di Montenero, a um passeio de barco para termos outra perspectiva das Cinque Terre e também conhecer Corniglia, o vilarejo central e o último que faltava visitar.

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Riomaggiore na beira do mar (esq.) e o Santuário no topo (dir.).

O santuário foi dica d
a Sra. Lucia, nossa anfitriã. Ela falou maravilhas sobre a vista e disse que ia lá toda semana. Nos ensinou como alcançar a trilha e lá fomos nós. Bobinhos! A trilha é provavelmente mais íngreme que a do dia anterior, além de mais longa (4,5km)! Mas já estávamos lá e se a 'velhinha' conseguia, nós também! Sem falar nos outros 'hikers' que encontramos pelo caminho... A Va quase morre! Agora é até engraçado lembrar... A vista é realmente maravilhosa! Com o céu azul e quase sem nuvens, podíamos ver toda a baía das cinco terras, além da vista de Riomaggiore que ainda não tínhamos apreciado.

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Pela trilha até o Santuario della Madonna di Montenero.

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No santuário, vista da baía das 5 Terre.

Na descida, descobrimos o caminho mais curto que termina na rodovia, por onde voltamos até a cidade. Foi tenso! A estrada não tem acostamento, é super sinuosa e os italianos dirigem feito loucos! Se for até lá, há linhas de
 ônibus que levam ao pé desta trilha, mas fique ligado no horário da volta, pois os intervalos são enormes. A parte boa de termos descido a pé, foi a parada estratégica e deliciosa para um lanche no Il sole a 180° ($$), onde comemos presunto cru com melão e focaccia de frente para a vista fantástica das Cinque Terre. Dica: Se você não tiver disposição para ir ao santuário, vá ao restaurante!

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Escadaria na trilha mais curta ao santuário (esq.) e lanche no Il sole a 180° (dir.).

O próximo passo foi descer até o embarcadouro de
Riomaggiore e pegar o barco rumo a Portovenere - cidade vizinha ao sul de Cinque Terre - e de lá voltar até Monterosso al Mare, para ver todas as vilas pelo mar (consulte os preços aqui). Enquanto esperávamos pelo barco, tomamos sorvete ($4-6), o Manoéo alugou uma máscara com snorkel ($5) e deu um mergulho rápido para ver os peixinhos!

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Mergulho em Riomaggiore.

Do barco, a vista é impressionante! Como é que alguém teve a ideia de se estabelecer desse jeito nessas montanhas?! 
Descemos rapidamente em Portovenere, mas só deu tempo de comprar um lanche e voltar para o barco, pois era o último horário. Este passeio de barco é essencial! É do mar que você vai ter algumas das vistas mais incríveis dos vilarejos.

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Riomaggiore vista pelo mar.

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Manarola vista pelo mar.

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Corniglia vista pelo mar.

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Vernazza vista pelo mar.

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Monterosso al Mare vista pelo mar.

Desembarcamos em Monterosso, apenas para pegar o trem até Corniglia.
Corniglia - É a menor das vilas e a única que não tem acesso pelo mar, pois está encrustada num enorme rochedo. Saindo da estação, havia um ônibus que leva até o centro, mas resolvemos seguir o fluxo e chegamos ao pé de uma enorme escadaria que leva à cidade. Imaginem a cara de desespero da Va... Imaginaram? O ônibus já tinha ido, então o jeito foi subir por ali. E haja panturrilha!! Chegando lá no topo, obviamente esbaforidos, nos deparamos com uma simpática placa que dava "parabéns por ter vencido os 382 degraus e chegado à cidade". 'Simpáticos', não? A placa lá embaixo tem um desenho sugestivo...

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Placa na base da escada (esq.), 'A' escadaria, placa no final da subida (dir.).

Após uma paradinha para recuperar o fôlego, fomos em direção ao centro, em busca do restaurante onde iríamos jantar. Como chegamos cedo, fomos circular pela vila. E assim passeando, chegamos ao simpático Largo Taragio, onde havia um grupo tocando ao vivo. Então sentamos numa das mesinhas ao ar livre, tomamos umas cervejas, passeamos um pouco mais e o esforço da subida foi recompensado pelo belo por do sol!

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Largo Taragio em Corniglia.

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Por do sol em Corniglia.

Seguimos para o
Ristorante Cecio ($$$) que tem um terraço bem aconchegante com vista para o mar. Pedimos vinho da casa (que novidade!), mas desta vez pulamos o antipasto e fomos direto ao primo piato, um risoto ao pesto com camarões e lulas. Hmmm... Delicioso! Por último o secondi piato foi um misto de frutos do mar e peixe grelhados, que também estava uma delícia, mas foi exagero (veja a foto aí embaixo...)!

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Risoto ao pesto (esq.) e misto de frutos do mar na grelha (dir.).

Voltamos rolando de tanto comer, mas ainda fizemos uma última parada para um chope no único boteco (aberto) de
Riomaggiore, antes de nos recolher. A idéia era dormir até mais tarde, pois não tínhamos planos para a manhã seguinte. Nosso único compromisso era chegar a La Spezia à tempo de pegar o trem com destino a Roma ($37/pax), que saía somente às 16h. 

A manhã foi tranquila. Depois de deixarmos nosso 'cafofo', tomamos
 café da manhã no boteco, passeamos pelo centrinho da vila e tivemos a brilhante ideia de comprar pão de focaccia, frios, mozzarella di bufala e pesto para levar e fazer um lanche durante o percurso do trem, pois não fizemos planos para o almoço. Por fim, sem mais o que fazer, fomos mais cedo para La Spezia. E eis que neste momento 'pagamos o mico' da viagem... Nós achamos que o cartão do parque valia 3 dias, ou seja, 72 horas... Bobinhos! Imagina a nossa cara quando o fiscal do trem explicou que a validade era só até as 23h59 do terceiro dia. Imaginou? Pois é... A multa era de $50 por cabeça, mas o Manoéo conseguiu negociar e pagamos 'só' por um! Doeu o coração entregar aquela cédula... Então fica a dica: preste atenção nas validades dos bilhetes, cartões e qualquer coisa do gênero. Se tiver dúvida, pergunte!

Chegando a
La Spezia, e graças à astúcia do Manoéo, trocamos nosso bilhete para um horário mais cedo, pagando uma pequena diferença de tarifa ($8/pax), que nos rendeu três horas a mais no próximo destino.

IMPORTANTE: Infelizmente, em Outubro/2011 a região sofreu com uma enxurrada que a devastou. Aparentemente, Monterosso e Vernazza foram as mais prejudicadas e há muitas obras de reconstrução. 
Por este motivo, todas as tarifas foram atualizadas, visando angariar fundos para a recuperação da região. Portanto, quando for até lá, lembre-se de verificar como estão as coisas. No blog do Ricardo Freire tem um update interessante (Mar/2012).

Você tem alguma dúvida? Veja se o
post desta série esclarece. Ou mande uma mensagem que a gente tenta responder! Aceitamos sugestões também... Na próxima passagem por lá a gente experimenta! ;)

Próxima estação:
Roma.


OBS.: Os valores representados com um "$" são em EUROS e as diárias dos hotéis são para quartos duplos e privativos (suítes). Os demais valores são por pessoa ou passageiro (pax).


quarta-feira, 16 de maio de 2012

15 dias na Itália - 3 dias em Florença e Pisa


Roteiro realizado em Ago-Set/2011

Chegamos a 
Florença, capital da Toscana e berço do Renascimento (papo de arquiteto), no fim da tarde. Desembarcamos na estação Firenze Rifredi que fica ao norte da cidade e mais longe do centro. Esta estação é nota zero em glamour, mas tem um ponto de ônibus bem na porta com uma linha (#20) que vai até o centro. Descemos literalmente na porta do hostel. De qualquer maneira, é bem melhor chegar na estação Santa Maria Novella (centro).

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Vista do Rio Arno (Ponte alle Grazie)

Em 25 minutos estávamos no Ostello Gallo d'Oro ($65/dia). Logo descobrimos que nossa 'suíte' não tinha ar condicionado e o calor estava infernal! Fora isso, foi o staff mais simpático e atencioso da viagem (Mateo e Samantha, especialmente), o quarto era confortável, espaçoso e limpo, com chuveiro e lavatório, mas a bacia era num banheiro privativo, fora dele. O hostel dispõe de lavanderia, o café da manhã é incluído e um dia na semana tem pasta 'na faixa' para jantar, se você chegar cedo!

Caminhando pela Piazza della Signoria.

Batemos um papo com Mateo, que fala aquele inglês 'macarrônico', o que deu a oportunidade ao Manoéo de praticar mais um pouco seu italiano. Essa 'figura' nos deu o que talvez tenha sido a melhor dica gastronômica da viagem - que não estava indicado em guia, blog ou site algum que pesquisamos - onde comer a autêntica e melhor bistecca alla fiorentina da cidade! E adivinha qual foi nosso primeiro jantar? Perseus. Este restaurante fica fora do circuito turístico e é super tradicional. Não fizemos reserva, portanto sentamos do lado de fora, o que foi muito agradável.

Bistecca alla Fiorentina no restaurante Perseus.

De cara, no cardápio há um aviso enorme dizendo: "E NON SI PUÒ FARE PIÙ COTTA", que quer dizer que não adianta pedir bem passada! E a bisteca não é apenas mal passada, ela é tostada por fora e praticamente crua, mas sem sangue e quente por dentro. DIVINA! O pedido mínimo é para duas pessoas ($48/kg), mas serve facilmente três. O corte da peça é feito com uma machadinha bem à vista da clientela. O Manoéo pediu para ver a cozinha, mas não permitiram. O segredo é muito bem guardado. O vinho era o da casa, servido diretamente de um barril ao lado da nossa mesa. O atendimento foi bom, mas 'seco'. Voltamos rolando pro hostel e passamos, provavelmente, a noite de sono mais quente da viagem.

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Duomo di Firenze - lateral (esq.) e frente (dir.)

Na manhã seguinte, conforme recomendações, acordamos cedo para evitar as filas, caminhamos 10 minutos pela rua do hostel até dar de cara com Il Duomo di Firenze ou Cattedrale di Santa Maria del Fiore (grátis) que sustenta a enorme e famosa cúpula de Bruneleschi (mais uma para os amigos arquitetos) e revolucionou as técnicas construtivas da época. Mas a edificação impressiona logo pela fachada revestida em mármore de várias cores, super rebuscada e cheia de esculturas e entalhes absurdamente detalhados! A Va pirou, como vocês podem imaginar!

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Vários detalhes da fachada do Duomo di Firenze.

Antes de visitar a igreja, subimos ao Campanile di Gioto ($6), já que não tínhamos feito isso em Veneza, para ver a cidade do alto. No guichê, avisam logo que são 414 degraus... A escada é estreitíssima, com degraus irregulares e gente nos dois sentidos. Afff! O Manoéo chegou lá no topo mais rápido. A Va precisou parar várias vezes para recuperar o fôlego. A vista é fantástica e vale o esforço, o problema é que perdemos a coragem de subir os 463 degraus para chegar até o terraço da cúpula ($8) da catedral.

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Vista da cidade do alto do Campanile.

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Cúpula da igreja (esq.) e sino do Campanile (dir.).

Em seguida entramos na igreja. O interior é bem singelo, se comparado à fachada, e o que impressiona mesmo é a cúpula. Infelizmente, não dá para chegar bem lá embaixo, a não ser que você pretenda passar um tempo rezando. Lá dentro, fica a entrada para as escavações da Chiesa di Santa Reparata ($3) que são as ruínas da primeira igreja da cidade (séc. IV). É super interessante e vale a visita com auxílio do audioguide ($3-5), indispensável se você quiser entender o que são as coisas e saber um pouco da história!

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Cúpula do Duomo di Firenze. Melhor foto que conseguimos...
(já compramos uma câmera melhor).

A nossa última parada foi no Battistero di San Giovanni ($5) cujas atrações principais são as portas de bronze e o imenso teto em mosaico veneziano, predominantemente dourado, que representa o Juízo Final.

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Battistero di San Giovanni - porta de bronze (esq.) e detalhe do teto (dir.).

A fome bateu e almoçamos por ali mesmo no esquema menor preço por maior quantidade de comida (rs!). Nada especial. Seguimos nosso passeio rumo à Piazza Santa Croce, uma das maiores e mais importantes praças da cidade. O principal ponto de interesse é a Basilica di Santa Croce ($5), onde estão os restos mortais de diversos italianos ilustres como Michelangelo, Machiavelli e Galileo Galilei, para citar alguns nomes mais conhecidos. A fachada é bem mais simples que a da catedral, mas o interior é extremamente bonito! Vitrais multicor, paredes, tetos e abóbada pintados com afrescos coloridos... Lindo! Nas naves laterais estão os "túmulos dos ilustres" em capelas ornamentadas, dedicadas à cada um deles. É emocionante! Há também uma estátua dedicada a Dante Alighieri, do lado de fora, que é outra atração da praça.

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Basilica di Santa Croce (esq.) e escultura de Dante Alighieri (dir.).

Dali, fomos em direção à Ponte Vecchio pela orla do Rio Arno. A ponte é cheia de lojas, principalmente joalherias, com fachadas cheias de bandeiras que dão um ar bem medieval ao lugar. Passamos pela Galleria degli Uffizi ($7), mas não entramos (o Manoéo não é muito fã da arte da pintura), mas lembre-se que lá estão algumas das telas mais famosas, importantes e antigas do mundo! Em vez disso, fomos ao pequeno Museo Galileo ($9), afinal  a alma de engenheiro fala mais alto! O acervo é bem legal, cheio das traquitanas que deram origem a tantos instrumentos que transformaram a vida dos homens, mas só vá lá se tiver realmente interesse ou se sobrar tempo porque tem muita coisa para ver em Florença!

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Bandeiras nas lojas da Ponte Vecchio.

A andança continuou rumo à Piazza della Signoria, onde está a réplica do famoso "Davi de Michelangelo". Esta praça foi o centro político da cidade e ainda abriga diversas instituições públicas nos edifícios que a rodeiam. O Palazzo Vecchio ($6) é a principal atração da praça, tanto pela arquitetura medieval, quanto pela importância na história da cidade. Nós optamos por não visitá-lo, pois dedicaríamos nosso tempo aos "grandes mestres" da escultura na próxima parada. Outro ponto de interesse é a Fontana di Nettuno, que coroa a ponta de um aqueduto romano ainda em funcionamento. A diversão da praça fica por conta dos movimentados cafés e restaurantes, sendo que alguns funcionam também durante a noite.

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Manoéo em frente ao Palazzo Vecchio na Piazza della Signoria.

Por fim chegamos à Galleria dell'Accademia ($7) cujo acervo de esculturas achamos simplesmente sensacional! Ficamos especialmente 'chocados' (no bom sentido) com a perfeição das esculturas do Lorenzo Bartolini. Há também diversas pinturas e uma pequena sala dedicada a Giotto que foi responsável pela introdução da perspectiva na pintura. Mas a atração principal é mesmo a enorme escultura original do Davi feita por Michelangelo no início do séc. XVII. Realmente impressionante! Mas não é perfeito... O tamanho das mãos é estranhamente desproporcional.

Bisteca na Trattoria ZáZá e vinho da casa (sempre!).

Voltamos para o hostel com a intenção de tomar um banho e descansar um pouco para sair para jantar e aproveitar a noite florentina. Jantamos na Trattoria ZáZá, indicação garimpada em nossa pesquisa, na Piazza del Mercatto Centrale, e pedimos bisteca fiorentina mais uma vez, mas não estava boa como a primeira. Na volta, paramos no Michael Collins Irish Pub 
na Piazza della Signoria. Pois é... Um pub onde havia TVs passando algum jogo. Será que o Manoéo se animou!? Tomamos umas cervejas e voltamos (pelo menos a Va) cambaleantes para o hostel.

O dia seguinte foi dedicado um tour pelo interior da Toscana ($50/pax) que incluía a visita a San Gimignano, Siena e a uma vinícula para degustação de vinhos. Reservamos no dia anterior através do hostel.

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San Gimignano e os campos da Toscana ao fundo.

San Gimignano, a cidade das torres. Que grata surpresa! É uma das cidades medievais mais bem conservadas da Itália e hoje possui apenas 14 das 72 torres que a caracterizam e que eram construídas pelas famílias mais abastadas como sinal de prestígio. Após uma breve explanação do nosso guia, ficamos livres para explorar. Caminhamos pela rua principal em direção ao ponto mais alto, a Rocca di Montestaffoli (fortaleza), exploramos a área e subimos num mirante de onde se vê toda a cidade e a paisagem dos campos tipicamente toscanos. Lindo!

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As torres de San Gimignano.

Na volta paramos numa delicatessen para experimentar presunto cru de javali (cinghiale
). Compramos dois 'sandubas' e uma garrafa pequena de um vinho branco local. Continuamos nossa descida até a porta da cidade e nos sentamos por ali para  apreciar nosso lanche. Neste momento cometemos um erro: aceitamos o almoço oferecido pelo tour... Claro que não estava bom, o atendimento foi ruim e perdemos a oportunidade de comer qualquer coisa melhor em Siena.

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San Gimignano: Porta de entrada (esq.), det. do muro e loja de frios (dir.).

Siena. Demos uma sorte tremenda de encontrar a cidade toda enfeitada por ocasião das festividades do Palio, que é tradição local. Pena que nossa guia era uma 'mala' e não saiu do script para nos mostrar um dos eventos tradicionais: a bandinha do grupo vencedor, comemora por dias pela cidade devidamente trajado ao estilo medieval, tocando tambores, cantando hinos e fazendo chacota dos perdedores - em Ago/2011 quem venceu foi a Contrada della Giraffa - e enquanto passeávamos, ouvimos o rufar, mas não conseguimos ver o grupo. Sem falar nos nativos da Giraffa que andavam pela rua bebendo e fazendo farra. Bem divertido! A cidade é dividida em 17 Contrade (bairros) e o pessoal leva a tradição a sério.

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Siena: Palazzo Comunale (esq.), placa da Contrade (bairro) e luminária secular que enfeita as ruas durante as festividades do Palio.

Andamos pela cidade e fomos visitar a  Cattedrale di Santa Maria Assunta ou Catedral de Siena. Mais sorte... O piso da catedral estava descoberto! Isso só acontece durante 2 meses a cada ano! Como a igreja é usada normalmente, para conservar o piso que é todo trabalhado em mármore, ele fica coberto com um tablado de madeira o ano todo. SENSACIONAL! Pena que não dá para colocar todas as fotos aqui! Terminamos o dia tomando gelato na Piazza del Campo a principal da cidade.

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Catedral de Siena: fachada (esq.), interior e det. do piso (dir.).

Por fim, a degustação de vinhos na Tenuta Casanova, que se orgulha da produção orgânica, não só de vinho, mas de outros produtos como azeite, aceto balsâmico, etc e está na região de Castellina in Chianti. Mais uma surpresa... O pacote foi completo! Vinho, mel, queijo, tomate, trufa, etc... Muito bom! Depois da apresentação e degustação, ficamos livres para dar uma volta pela propriedade e lá vem mais sorte... As videiras estavam repletas de uvas prontinhas para serem colhidas, conforme nos informaram, no dia seguinte!! Ahaaa!

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Degustação na Tenuta Casanova.

De volta a Florença, chegamos no hostel e ficamos de papo com o staff e uma hóspede francesa, tomamos umas cervejinhas e batemos mais papo... Saímos rapidamente para jantar, e acabamos parando numa pizzaria qualquer na Piazza della Signoria (acho que era ao lado do pub). A Pizza do Manoéo até estava boa, mas o calzone da Va, nem tanto. Estávamos cansados, então voltamos logo, pois na manhã seguinte seguiríamos viagem.

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Jantar...

Florença é uma cidade que se conhece a pé. Se você ficou atento, o único ônibus que pegamos foi para ir da estação de trem até o hostel na chegada. Como partimos de S. M. Novella (centro), chegamos lá a pé. As noites de verão são bem movimentadas, as ruas estão cheias e os restaurantes tem mesas na área externa. Se você gosta de museus e galerias, seu lugar é aqui! Note que só vale a pena adquirir o Firenze Card ($50) se a soma dos bilhetes de todos os museus e galerias que for visitar for maior que o valor do cartão.

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Lateral do Duomo di Pisa e Battistero ao fundo.

Próxima 'estação': Pisa, cidade natal de Galileo Galilei. Os trens ($7/pax) saem a cada 35 minutos da estação S.M. Novella (Florença) para Pisa Centrale e este foi o único bilhete que  compramos no guichê. Chegamos em uma hora, deixamos os mochilões no guarda-volumes ($2) e fomos direto para a área do Duomo di Pisa. É lá que está a famosa Torre di Pisa, que nada mais é que o campanário da igreja que tombou por problemas na fundação. Mais um lugar lo-ta-do! Mas tudo bem, estávamos só de passagem. Circulamos por ali, não subimos na torre ($6), tiramos fotos e mais fotos e sentamos numa das trattorias ali perto para almoçar. Estávamos cansados, com calor e precisávamos voltar para a estação e pegar o trem para o próximo destino, portanto não escolhemos muito. Dizem que em Pisa há mais do que a torre... Para nós, ficou para uma próxima viagem. Queríamos mesmo chegar à próxima parada!

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Duomo di Pisa e a torre ao fundo.

Você tem alguma dúvida? Veja se o 1º post desta série esclarece. Ou mande uma mensagem que a gente tenta responder! Aceitamos sugestões também... Na próxima passagem por lá a gente experimenta! ;)

Próxima estação: Cinque Terre.


OBS.: Os valores representados com um "$" são em EUROS e as diárias dos hotéis são para quartos duplos e privativos (suítes). Os demais valores são por pessoa ou passageiro (pax). Para economizar: procure por APPs para Android e Iphone que substituam os audioguides.